domingo, 30 de março de 2014

Pessimismo

As declarações do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso publicadas no último domingo, em entrevista à “Folha de São Paulo”, comparando a presidenta Dilma Roussef ao ex-presidente João Goulart, são preocupantes. No momento em que um grupo de alienados realiza uma passeata pedindo um golpe militar como solução para os problemas do país, o ex-presidente parece justificar o movimento, apoiando-o de maneira velada quando diz: “Ninguém quer dar golpe hoje no Brasil, mas ninguém sabe muito bem como atender demandas que aparecem de repente, com esses mecanismos lentos, muitas vezes desconectados, que são o palácio e o Congresso”. Ou seja, ninguém quer o golpe, mas como não sabem como fazer para atender ”as demandas com esses mecanismos lentos”, o jeito é derrubar o governo, semelhante, segundo ele, ao governo de Jango. O ex-presidente, que vem tendo maior exposição na mídia desde que o candidato do seu partido à Presidência da República, senador Aécio Neves, o pinçou das sombras para colocá-lo diante dos holofotes, também defendeu a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar a compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, pela Petrobrás, em 2006. Um dia antes ele havia se manifestado contra a CPI, mas mudou de idéia depois de concluir que o caso é mais complicado. “Eu pensei que fosse uma coisa mais simples – disse – mas acho que tem de ser apurado”. E acrescentou: "As pessoas precisam saber o que foi feito com o dinheiro do contribuinte". Sem dúvida o governo tem o dever de informar o povo sobre o destino do seu dinheiro, mas pelo visto FHC esqueceu que, quando presidente, não deu a menor explicação sobre o que fez com o dinheiro da venda da Vale do Rio Doce e de todas as empresas estatais que privatizou durante o seu governo. Fernando Henrique parece que sofre de amnésia passageira, pois esquece rapidamente – e convenientemente – o que fez ou disse no dia anterior. Quando assumiu a presidência ele próprio pediu para que esquecessem o que havia escrito antes; esqueceu que chamou os aposentados de vagabundos; esqueceu do Sivam e da pasta cor-de-rosa; esqueceu que queria entregar a base espacial de Alcântara, no Maranhão, para os americanos, com um contrato de arrendamento que permitia ao governo dos Estados Unidos encravar em território brasileiro uma nova “Guantánamo”. E já que agora defende uma CPI para a Petrobrás, poderia pedir a ampliação das investigações para a venda da Vale do Rio Doce, que também precisa ser melhor explicada. Na verdade, acho que é tempo de se expor as vísceras de todos os negócios polêmicos envolvendo o Estado, pelo menos durante os últimos vinte anos. Assim como a Comissão da Verdade apura agora o que aconteceu durante a ditadura, deve haver também uma comissão para apurar o que aconteceu depois dela. Na avaliação do ex-presidente a imagem da presidenta Dilma Roussef está arranhada. Incrível que só os tucanos conseguem enxergar os arranhões, porque o povo, segundo atestam as pesquisas, ainda não conseguiu vê-los. O candidato do seu partido ao Planalto, o senador Aécio Neves, também deve olhar a Presidenta pelo mesmo binóculo: em recente artigo ele afirma: “O sentimento geral dos brasileiros é um só: já deu!” Tal como FHC o senador mineiro está precisando de óculos, pois não é isso o que pensa a população, ainda segundo as pesquisas, considerando a boa avaliação do seu governo. É natural que os tucanos desejem ocupar o Palácio do Planalto, assim como os pessebistas e todos os demais candidatos à presidência, mas é fundamental que não subestimem a inteligência do povo. Os dois mais emplumados tucanos da atualidade – FHC e Aécio – parece que estão afinados nas críticas ao governo, certamente olhando pela mesma lupa que, aparentemente, está obliterando a visão de ambos. Agora mesmo eles abordaram, quase de maneira eufórica, o rebaixamento da nota do Brasil pela agência americana Standard & Poors que, aliás, não abalou a bolsa e sequer mereceu atenção dos investidores internacionais, que continuam interessados em investir no país. Num evento em São Paulo, o ex-presidente disse que “o rebaixamento é um sinal de desconfiança, é negativo para o país”. O senador mineiro, por sua vez, afirmou : “Tamanho retrocesso não é obra que se constrói ao acaso. É fruto de desacertos diários de um governo que, até hoje, mais prejudicou do que ajudou o Brasil”. Afinal, em que planeta eles se encontram? De que Brasil estão falando? Se o governo de Dilma só prejudicou o Brasil, por que ela continua recebendo a aprovação do povo nas pesquisas? A julgar por suas declarações, tudo indica que eles só conhecem o país através das páginas da chamada Grande Imprensa, que pinta um Brasil em ruínas. É claro que ainda tem muita coisa errada e por fazer em nosso país, mas é difícil negar os avanços sem cair no ridículo. Se eles insistirem nessa visão vesga, como arautos do pessimismo, dificilmente conseguirão convencer o povão e, muito menos, atrair votos para o seu projeto político.

sexta-feira, 28 de março de 2014

Dois pesos...

O Supremo Tribunal Federal decidiu, por 8 votos a 1, remeter para a primeira instância, em Minas Gerais, o julgamento do chamado mensalão tucano, em que figura como réu principal o ex-deputado Eduardo Azeredo, do PSDB. Azeredo renunciou recentemente ao mandato justamente para perder o foro privilegiado e escapar do julgamento pelo STF. E conseguiu, pois acompanhando o voto do relator, ministro Luis Roberto Barroso, a Corte entendeu que sem mandato o réu deveria ser julgado pela justiça de Minas. O único voto contrário foi do ministro Joaquim Barbosa, que se manteve coerente com o voto dado anteriormente para que o mensalão petista fosse julgado pelo STF, embora somente quatro dos mais de 36 réus tivessem direito ao foro privilegiado. Os ministros Gilmar Mendes e Luiz Fux, entre outros, que haviam acompanhado Barbosa no voto anterior, agora mudaram de idéia e acompanharam o voto de Barroso. Embora correta, o STF não adotou a mesma decisão no caso dos petistas e nem do deputado Natan Donadon que, mesmo renunciando ao mandato, como fez Azeredo, teve seu julgamento mantido na Suprema Corte. Conclusão: lamentavelmente a mais alta corte de Justiça do país dá um mau exemplo com essa decisão, revelando que atua com dois pesos e duas medidas. A venda nos olhos da mulher que simboliza a Justiça, portanto, neste caso não é para atestar a sua imparcialidade, mas de vergonha.

Lambança dlo Ibope?

Muito estranho o comportamento do Ibope no caso das pesquisas sobre o governo da presidenta Dilma Roussef. No último dia 20 uma boataria tomou conta do país dando conta de que Dilma teria sofrido uma queda nos números da mais nova pesquisa do Ibope, o que gerou uma enorme expectativa, sobretudo na Bolsa de Valores. No dia seguinte a pesquisa era divulgada com um quadro diferente do boato, ou seja, dando uma larga vantagem da Presidenta sobre os seus adversários, mais precisamente 43% da preferência do eleitorado. E apenas seis dias depois nova pesquisa, também do Ibope, informava nesta quinta-feira, dia 27, que ela caíra 6%, descendo para 36%. Detalhe: as duas pesquisas, segundo registro no Tribunal Superior Eleitoral, foram feitas na mesma época, ou seja, entre os dias 13 e 20 deste mês. E agora? Como é que Montenegro, dono do Ibope, vai explicar essa lambança? Qual pesquisa está valendo? Será que o PT, que ultimamente tem se revelado acovardado diante dos ataques dos tucanos e da pressão da chamada Grande Imprensa, não vai questionar o Ibope?

quinta-feira, 27 de março de 2014

Hipocrisia

A hipocrisia, sempre presente na vida da Humanidade, continua presidindo a ação dos homens, especialmente na atividade política. Muitos políticos, contando com um espaço garantido na mídia, fazem declarações sobre os adversários, mesmo conscientes de que o que estão dizendo nem sempre corresponde à verdade. Ainda recentemente o líder do PSDB na Câmara Federal, deputado Antonio Imbassahy, acusou a presidenta Dilma Roussef de ter praticado “um crime”contra o Brasil por ter a Petrobrás comprado uma refinaria em Pasadena, nos Estados Unidos. A compra, aprovada por unanimidade pelo Conselho Administrativo da empresa, na época foi considerada um bom negócio, mas hoje está sendo vista pela oposição como um negócio prejudicial ao país. Sem entrar nos detalhes da transação e mesmo admitindo-se ter sido um mau negócio – o que não parece, considerando-se que a refinaria está dando lucros – pergunta-se ao líder tucano: se a compra de uma industria em solo americano foi um “crime “, conforme disse, como classificar a venda da Vale do Rio Doce para o capital estrangeiro, incluindo as riquezas do subsolo brasileiro? A venda da Vale, a empresa que mais dava lucros ao país, na verdade foi um crime de lesa-pátria, mas o parlamentar prefere fazer vista grossa para essa transação – a exemplo da Grande Midia, que se beneficia com gordas verbas publicitárias – e hipocritamente faz acusações à adversária política do seu partido. Isso é apenas um pálido exemplo do que se tornou rotina no comportamento de muitos políticos. Do mesmo modo, um grupo de alienados – muitos dos quais certamente não vivenciaram os anos de chumbo – decidiu fazer uma manifestação em favor de um golpe militar, às vésperas do 50º aniversário do golpe de 1964, aparentemente convencido de que uma ditadura seria a melhor solução para acabar com a corrupção que supostamente campeia no país. Em primeiro lugar é preciso lembrar que a corrupção é uma praga que existe no mundo desde os primórdios da Humanidade e que hoje está mais visível devido à liberdade de expressão, o que não acontece numa ditadura. Isso não significa que a corrupção está maior, mas só numa democracia, com a liberdade de denúncia, é possível combatê-la. Ainda bem que a tal Marcha com Deus acabou num tremendo fiasco, com cerca de 700 pessoas desfilando com faixas pelas ruas de São Paulo, o que significa que o povo está esperto e não dá importância a essas maluquices. Por sua vez, os dois principais candidatos oposicionistas à Presidência da República, Aécio Neves e Eduardo Campos, concluíram que a melhor maneira de atrair votos é batendo na presidenta Dilma Roussef. Para ambos, todos os atos do governo federal estão errados e, por isso, o Brasil vai muito mal. Eles sabem que esse cenário não é verdadeiro, mas insistem em apenas apontar problemas sem, contudo, indicar as soluções. Indiretamente estão contribuindo com aqueles que desejam uma intervenção militar no país, embora sejam netos de homens que lutaram contra a ditadura quando ainda se encontravam nas fraldas: Tancredo Neves e Miguel Arraes. Na verdade, graças à estrada democrática aberta com a participação dos seus avós é que eles estão buscando chegar ao Palácio do Planalto pelo voto popular. Deviam, portanto, pensar melhor antes de algumas declarações estapafúrdias. O que mais surpreende, porém, é que homens que se escafederam do país durante o regime militar, como Fernando Henrique Cardoso e José Serra, continuam deitando falação contra o governo mesmo com enormes rabos de palha, enquanto os que ficaram aqui e lutaram contra a ditadura, como José Dirceu, estão presos justo pela democracia que ajudaram a restaurar. O doce exílio de Serra e FHC no Chile, este desfilando pelas ruas de Santiago em seu Mercedes azul, contrasta com a vida de perigos de Dirceu e José Genoino, que permaneceram aqui lutando por um Brasil livre. Condenados sem provas, com base na “teoria do dominio do fato”, ou seja, em rumores veiculados pela chamada Grande Imprensa com foros de verdade, eles pagam hoje o preço do seu idealismo, o que nem a ditadura conseguiu. Parece estranho, por outro lado, o imobilismo diante da afronta à Constituição de quem tem o dever de defendê-la. O ex-ministro José Dirceu continua há quatro meses preso em regime fechado, contrariando o semiaberto para o qual foi condenado, sem que alguma providência concreta seja tomada para coibir o abuso de poder do ministro Joaquim Barbosa e do seu pupilo Bruno Ribeiro, juiz de Execuções Penais do DF. Até hoje Dirceu é o único que não teve decidido o seu pedido para trabalhar fora do presídio. Tem-se a impressão de que o processo do mensalão foi montado com o único e exclusivo objetivo de atingi-lo, deixando os outros como figurantes. Muitos já criticaram a maldade praticada contra Dirceu, mas ninguém adotou ainda qualquer medida concreta para defendê-lo, nem mesmo o seu próprio partido. Enquanto isso, a imprensa do condicional continua fazendo vítimas, rotulando pessoas de corruptas e destruindo reputações. O jornalismo do “off”, do “teria”, do “entreouvido”, mais interessado em influenciar do que informar, prossegue em sua prática deletéria, fazendo a cabeça de muita gente, até mesmo dentro do Judiciário, onde o senso de justiça vem sendo substituído pelo partidarismo. O povão, no entanto, felizmente já demonstrou que não mais se deixa influenciar, conforme atestam as pesquisas. E provavelmente está convencido, a despeito do noticiário tendencioso, de que mais cedo ou mais tarde a Justiça prevalecerá. E que o império da hipocrisia não terá no futuro o espaço que tem hoje, o que tornará as pessoas melhores e mais confiáveis.

terça-feira, 25 de março de 2014

Casf livre

Associados fundadores da CASF estão se mobilizando em torno de algumas propostas que visam dotar a empresa de uma gestão profissional e moderna. Além de encampar o desafio lançado pelo jornalista Francisco Sidou de reduzir em 40% os atuais honorários da diretoria, o grupo conta com profissionais da área de saúde, que estão efetuando um diagnóstico da real situação financeira da entidade. As propostas serão construídas a partir desse estudo e os nomes para compor uma possível chapa também devem preencher o perfil desejado para uma gestão democrática e transparente. Uma das principais bandeiras será o aumento da base contributiva, com esforço concentrado em atrair, pelo menos, dois mil associados dentre os novos funcionários do Banco da Amazônia, oferecendo-lhes um plano diferenciado para público-alvo na faixa etária até 30 anos, que migrou para outros planos de mercado. O grupo ainda não fechou a chapa Casf Livre, mas não será surpresa se o candidato a presidente for conhecido médico, muito estimado pela comunidade Casf. Com isso, os pioneiros pretendem oferecer uma via alternativa de voto aos associados, cansados de ver a instituição ser disputada como "noiva" ou como troféu por grupos que se digladiam para conquistar ou manter o poder por motivações corporativas ou políticas. O movimento tende a crescer e já preocupa alguns "cardeais".

sexta-feira, 21 de março de 2014

Ibope

O ataque diário à presidenta Dilma Roussef pela chamada Grande Midia, inclusive com notas aparentemente apócrifas buscando intrigá-la com o ex-presidente Lula, não tem surtido o efeito desejado pelos seus adversários. Dilma continua bem avaliada pelo povo, que a elegeria no primeiro turno se as eleições fossem hoje, conforme a mais recente pesquisa do Ibope. Divulgada na última quinta-feira, a pesquisa revela que a presidenta tem 43% das intenções de votos, contra 15% de Aécio Neves e 7% de Eduardo Campos. Em todas as simulações, inclusive com a entrada da ex-ministra Marina Silva, ela continua vencendo no primeiro turno. E se, por acaso, houvesse segundo turno, conforme o cenário montado pelo Ibope, ela ampliaria a diferença sobre os seus adversários. Desse modo, parece que a única maneira mesmo de tirá-la do Palácio do Planalto, conforme pretendem os “organizadores” da Marcha com Deus programada para este sábado, será um golpe. Por isso, o povo precisa estar alerta para essa marcha, que pretende reeditar aquela de 1964, precursora do golpe de 31 de março. Todo cuidado é pouco.

Sem ver o rabo

Tudo o que a revista inglesa “The Economist” diz contra o Brasil recebe destaque da chamada Grande Imprensa, que faz oposição ao governo federal. Parece até que os britânicos são os donos da verdade. A mais recente edição da revista publica reportagem sobre a violência policial, com o título “A violência policial no Brasil – assassinato em série”. O “Jornal do Brasil”, em editorial, se encarregou de dar a resposta aos ingleses, dizendo:”Falta autoridade aos ingleses para falar de policia violenta. Falta autoridade a quem matou covardemente o brasileiro Jean Charles, sem que até hoje tenha dito ao governo brasileiro quais foram os criminosos que apertaram o gatilho contra um inocente num vagão do metrô”. Na verdade, todos nós, brasileiros, sabemos que a nossa polícia é, realmente, violenta e, por isso, muitos policiais tem sido levados ao banco dos réus. Mas a polícia britânica, por acaso, não é?? E por acaso algum dos matadores do brasileiro foi punido? O problema é que o macaco não olha para o próprio rabo.

Eleições na CASF

A propósito das próximas eleições na Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco da Amazonia (CASF), o jornal “O Liberal”, de Belém, publicou em sua coluna “Repórter 70” que o jornalista Francisco Sidou, fundador da instituição, lançou um desafio diante da proliferação de candidatos à diretoria: que se promova um corte de 40% nos salários do presidente e diretores, o que pode desestimula algumas candidaturas. Sidou, sobre a noticia, divulgou a seguinte nota: “Confirmo a autenticidade da notícia ontem veiculada na prestigiosa coluna "Repórter 70", de O Liberal. Apenas com um esclarecimento: sou fundador da CASF como também o são todos os associados (225) que marcaram presença e assinaram a Ata da histórica Assembleia Geral realizada em 15 de março de 1982, comandada pelo grande timoneiro Orion Klautau e secretariada pela notável colega Maria Auxiliadora Magalhães, eleita por aclamação a primeira presidente da CASF. O idealismo era a força que nos impulsionava. A missão não era medida pelo tamanho dos salários ou honorários”.

quinta-feira, 20 de março de 2014

Para onde?

Há exatos 50 anos uma manifestação, em resposta à uma suposta ameaça comunista, era interpretada, por observadores internos e externos, como respaldo popular para um golpe militar. No dia 19 de março de 1964 cerca de 200 mil pessoas tomaram as ruas de São Paulo na chamada Marcha com Deus pela Liberdade, um movimento financiado pelos americanos através de várias entidades, entre elas o Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais (IPES) e o Instituto Brasileiro de Ação Democrática (IBAD), que serviu para convencer militares ainda hesitantes sobre a necessidade da derrubada do presidente João Goulart para espantar o fantasma do comunismo. Na verdade, o comunismo foi apenas um dos pretextos, pois o principal motivo mesmo foi a promessa de Jango, em discurso no dia 13 daquele mês no Rio, de promover as reformas de base, vistas como lesivas aos interesses da elite. O movimento golpista, que começou a ser articulado no Brasil e nos Estados Unidos após a posse de Jango, como decorrência da renúncia do então presidente Jânio Quadros, ganhou força, recebendo o sinal verde do então presidente americano Lyndon Johnson para desencadear o processo do golpe que manteve os militares no poder durante 21 anos. Surpreendentemente, surgem hoje pessoas que, mobilizadas pelas forças dispostas a apear o PT do poder e temerosas de uma derrota pelo voto democrático nas próximas eleições, conforme as pesquisas, pretendem repetir esse triste capítulo de nossa história. A “Marcha com Deus” programada para o próximo sábado, dia 22, para ocupar não apenas as ruas de São Paulo mas de outras 200 cidades do país, ao contrário da primeira, que mascarou seus objetivos, tem agora um caráter nitidamente golpista. Naquela época o temor do comunismo, transformado em monstro pela propaganda americana – nas camadas mais humildes da população dizia-se que os comunistas comiam criancinhas – era a motivação para o golpe, pois Jango era visto pelos Estados Unidos, por indução do embaixador Lincoln Gordon, como marionete dos soviéticos. Hoje a chamada Grande imprensa substituiu o monstro comunista pelo bicho-papão petista, fazendo a cabeça dos incautos contra o partido fundado por Lula e, por via de consequência, contra a presidenta Dilma Roussef. A ampla cobertura do julgamento do mensalão no Supremo Tribunal Federal, com exagerado incenso ao ministro Joaquim Barbosa que fazia o jogo da Midia, buscou estigmatizar o petismo, como estratégia para enfraquecê-lo nas eleições que se aproximam. Não foi por acaso que José Dirceu e José Genoino, destacados líderes da luta contra a ditadura, foram condenados num julgamento severamente criticado por juristas renomados como Ives Gandra, Bandeira de Melo e Dalmo Dallari. Não é por acaso que o ministro Joaquim Barbosa, glorificado pela revista “Veja” como “o menino pobre que mudou o Brasil”, tem estreitas ligações com os americanos e até apartamento em Miami. Não é por acaso que o deputado Eduardo Cunha, cuja aparência de corvo revela a sua semelhança física e atuação política com Carlos Lacerda, trabalha para desestabilizar o governo. Ao que parece, o gatilho para desencadeamento do movimento golpista, no entanto, foi acionado ao ser vislumbrada a possibilidade de revisão do julgamento do mensalão e a possível vitória da presidenta Dilma Roussef, no primeiro turno, nas eleições de outubro, já admitida por cientistas políticos, assim como a ampliação da representação petista no Congresso Nacional. Diante desse panorama, na ótica de muita gente que tem interesses contrariados pelo Planalto – ou não digeriu até hoje a ascensão de um torneiro mecânico nordestino à Presidência da República – um golpe seria a única alternativa para apear o PT do poder. Não custa lembrar que o golpe de 1964, segundo levantamento feito à época pelo oposicionista Aníbal Teixeira, teve o apoio de 80% do Exército, 70% do empresariado, 66% do clero e 58% dos estudantes. Recebeu também o apoio da Federação das Indústrias de São Paulo (FIESP) e de parte da mídia. Sugestionados pela propaganda americana, quase todos - à exceção dos que vislumbravam a oportunidade de conquistar o poder – estavam temerosos de que o comunismo pudesse ser implantado no Brasil. Segundo reportagem publicada este mês pela revista “Superinteressante”, sob o título “Os EUA no golpe de 64”, assinada pela jornalista Jennifer Ann Thomas e fundamentada em documentos encontrados em arquivos recém-abertos nos Estados Unidos, o movimento contou com o apoio financeiro do governo americano que, inclusive, deslocou uma esquadra para o litoral brasileiro a fim de intervir militarmente, caso necessário, em favor dos golpistas. Os americanos, através da CIA, segundo a matéria, durante a guerra fria já contabilizavam o envolvimento com pelo menos 26 golpes militares. A “Marcha com Deus”, portanto, parece a tentativa de repetir-se uma página sombria da história, agora com outra motivação. A exemplo da primeira, ninguém sabe quem são os seus responsáveis, citados no noticiário apenas como “organizadores” sem, contudo, identificá-los. Eles não escondem, porém, os seus objetivos golpistas e parecem contar com o apoio velado da chamada Grande Imprensa, que revelará seu interesse se fizer uma grande cobertura. O povo brasileiro, no entanto, precisa estar alerta, pois não se concebe que em plena era da informática ainda existam desinformados, ignorância que facilitou o golpe de 64. Não existem coincidências nem acasos. Os acontecimentos na Venezuela nos advertem de que devemos colocar nossas barbas de molho. Afinal, para onde a tal “Marcha” pretende conduzir o país? Na visão de muitos esse cenário pode parecer fantasia, mas não custa lembrar que “cautela e caldo de galinha nunca fizeram mal a ninguém”.

terça-feira, 18 de março de 2014

Pura cascata

Um dos mais importantes e sérios jornalistas do país, Alberto Dines, fez severas críticas à revista “Veja” pela matéria de capa com José Dirceu na cadeia. Dines, que durante muitos anos foi editor-chefe do “Jornal do Brasil” (trabalhei com ele nessa época quando o JB ainda funcionava na avenida Rio Branco) classificou a reportagem de “um torpe atentado ao pudor e à ética jornalística”. Em artigo publicado no “Observatório de Imprensa”, Dines afirma que “para comprovar a ilegalidade das regalias que gozaria o ex-ministro José Dirceu no Complexo da Papuda, Veja cometeu ilegalidade ainda maior. Detentos não podem ser fotografados ou constrangidos, o ato configura abuso de poder, invasão da privacidade e, principalmente, um torpe atentado ao pudor e à ética jornalística. Um bom advogado poderia até incriminar os responsáveis por formação de quadrilha ao confirmar-se que o autor da peça (o editor Rodrigo Rangel) não entrou na penitenciária e que alguém pagou uma boa grana aos funcionários pelas fotos e as, digamos, "informações". Mais adiante, depois de dizer que a matéria não é reportagem, ele afirma que tudo “é pura cascata: altas doses de rancor combinadas a igual quantidade de velhacaria em oito páginas artificialmente esticadas e marombadas. As duas únicas fotos de Dirceu (na capa e na abertura), feitas certamente com microcâmera, não comprovam regalia alguma”. Alberto Dines faz coro à onda de indignação, dentro dos próprios círculos jornalísticos, com a reportagem de capa da última de edição da “Veja” que, certamente por isso, não viu sua matéria repercutida pela chamada Grande Imprensa, como habitualmente acontece. Sua fúria contra o PT ultrapassou todos os limites. Por essas e por outras é que a revista está nos seus estertores.

domingo, 16 de março de 2014

O sabotador

O deputado Eduardo Cunha, que segundo o cientista político Paulo Singer é cria de PC Farias, foi capa da revista “IstoÉ” deste final de semana. Ele é a figura principal da reportagem intitulada “O Sabotador da República”, que o compara a Francis Underwood, personagem da série americana “House of Cards”, mestre na arte da chantagear. Assinada pelos jornalistas Claudio Sequeira e Izabelle Torres, a matéria faz um raio X da atividade política nada exemplar do líder da bancada do PMDB na Câmara Federal, que recentemente impôs algumas derrotas ao governo da presidenta Dilma Rousseff . Com cara de corvo e alguma semelhança física com Carlos Lacerda, o parlamentar carioca, segundo a revista, descontente com o Planalto por ter perdido alguns cargos que controlava na União, ainda tem trunfos na manga. E pretende com eles infernizar a vida de Dilma e contribuir para inviabilizar a sua reeleição. Constata-se, desse modo, que quem tem Cunha como aliado não precisa de oposição.

Exemplo

Nenhum veiculo de comunicação deu qualquer informação sobre os motivos da ausência do ministro Joaquim Barbosa às sessões do Supremo Tribunal Federal, esta semana, em que foram julgados os últimos recursos dos condenados no julgamento do chamado mensalão. Tudo leva a crer que ele preferiu não comparecer para poupar-se de presenciar novas derrotas, o que fez cair a audiência da TV Justiça, onde ele se transformou, deste o início do julgamento do mensalão, na sua maior atração. Sua teatralidade, com gritos e gestos exagerados, asseguravam a audiência do canal. Em compensação, sob a presidência do ministro Ricardo Lewandowski as sessões se desenvolveram com equilíbrio e serenidade, com a maior corte de Justiça do país restaurando seu ambiente de nobreza, onde predominou o respeito entre seus pares. Lewandowski deu uma pequena mostra de como funcionará o Supremo após a aposentadoria de Barbosa.

Futuro de Roseana

Caso a governadora do Maranhão, Roseana Sarney, confirme a notícia de que decidiu manter-se no cargo até o final do mandato, isso significa que ela não conseguiu remover o obstáculo levantado pelo deputado Arnaldo Melo, presidente da Assembléia Legislativa do Estado, para a eleição indireta do seu pupilo Luis Fernando. Melo, que assumiria o governo caso ela se desincompatibilizasse para concorrer ao Senado, tem seu próprio projeto para ocupar o Palácio dos Leões, frustrando, assim, os planos da governadora. A confirmar-se esse quadro, a cadeira do Senado deverá ser alvo de disputa, dentro do PMDB, entre o deputado Gastão Vieira e o suplente de senador Edinho Lobão. Portanto, vamos aguardar o dia 5 de abril vindouro para saber o futuro de Roseana.

sábado, 15 de março de 2014

Perseguição

O que será que o ex-ministro José Dirceu fez à Editora Abril para a feroz perseguição de que é vítima por parte da revista “Veja”?? O ex-ministro, condenado no julgamento do chamado mensalão e que já foi capa diversas vezes da revista, todas mostrando-o como um bandido, volta a ser capa neste final de semana com uma reportagem sobre a vida dele na cadeia. Segundo a matéria, toda estribada no “ouviu dizer” e, portanto, sem nenhuma prova, Dirceu teria muitos privilégios na Papuda, entre eles lanches do McDonald's, visitas fora de horário e acesso a um podólogo, para tratar uma unha encravada. A reportagem, na verdade, tem o objetivo de induzir a Justiça a mantê-lo em regime fechado e, até, a transferi-lo para um presídio federal de segurança máxima. Levando-se em conta as decisões do ministro Joaquim Barbosa e do seu pupilo, o juiz Bruno Ribeiro, da Vara de Execuções Penais do DF, isso não será difícil. Afinal, o ex-ministro foi condenado sem provas, com base apenas em notícias de jornais e revistas e rumores, exatamente como a reportagem da “Veja”. Condenado pelo Supremo ao regime semiaberto, Dirceu vem sendo mantido há quatro meses em regime fechado, contrariando a decisão do colegiado, num evidente abuso de poder do ministro Barbosa. E a revista quer mantê-lo atrás das grades com informações sem identificar os autores ou apresentar provas sobre os supostos privilégios. Para se ter uma idéia do jornalismo praticado pela “Veja“ com objetivos escandalosamente políticos, basta um pequeno trecho do texto sobre Genoino, constante da mesma reportagem: "Numa conversa entreouvida por um servidor, um médico que atendia Genoino revelou ter escutado do próprio petista a admissão de que deixara de tomar alguns remédios para provocar uma arritmia cardíaca e, assim, poder pleitear a prisão domiciliar”. Vejam só: “conversa entreouvida” de “um médico, que revelou ter escutado”. Foi precisamente com esse tipo de “provas” que o ministro Barbosa condenou todo mundo. Ou seja, ele mudou não exatamente o Brasil, como disse a “Veja”, mas o conceito de Justiça. Em tempo: Dirceu completa 68 anos de idade neste domingo.

quarta-feira, 12 de março de 2014

Alegria??

Pelo menos dez ministros deverão comparecer à Câmara Federal, além da presidente da Petrobrás, Graça Foster, para dar explicações sobre os mais diferentes assuntos. Convocações e convites foram aprovados nesta quarta-feira pelas comissões da Casa, numa demonstração de força da base aliada, sob o comando do PMDB, para intimidar o governo da presidenta Dilma Roussef. Descontentes com a Presidenta os parlamentares da base aliada resolveram aprovar todos os requerimentos apresentados pelos oposicionistas, todos com objetivos políticos. A reação acontece um dia depois de Dilma afirmar que o PMDB só lhe dá alegrias. O PMDB, na verdade, está dando alegrias mesmo é para a oposição, que assiste a tudo de camarote, contabilizando os lucros políticos com o radicalismo dos “aliados”. Resta saber como a Presidenta contornará essa situação, que tende a lhe dar enormes prejuízos eleitorais.

terça-feira, 11 de março de 2014

Falta propostas

Os candidatos oposicionistas à Presidência da República, o senador Aécio Neves (PSDB) e o governador Eduardo Campos (PSB), vêm se revezando nas duras críticas à Presidenta Dilma Roussef, num tom um pouco acima do esperado, provocando a reação, no mesmo diapasão, dos petistas. O governador pernambucano, antes menos agressivo do que o senador mineiro – o que lhe proporcionou melhor simpatia entre os eleitores – agora resolveu engrossar dizendo, entre outras coisas, que o Brasil “não aguenta mais quatro anos com Dilma no poder”. O líder do PT no Senado, o também pernambucano Humberto Costa, estranhou o novo tom do seu conterrâneo, que ajudou a eleger Dilma e integrou o governo até o ano passado. E lembrou que se o povo não a quisesse por mais quatro anos no comando do país não aprovaria o seu governo, segundo as pesquisas. Na verdade, é natural que Campos e Aécio batam na Presidenta como estratégia eleitoral, mas esse comportamento tende a perder votos se não apresentarem propostas de solução para os problemas que apontam. Apenas críticas não conquistam votos. É preciso que digam o que pretendem fazer caso ocupem o Palácio do Planalto.

Anexação

Apesar das ameaças dos Estados Unidos, a anexação da Crimeia pela Russia parece inevitável. Antes mesmo do referendo marcado para domingo, quando a população decidirá se deseja ou não a anexação, o Parlamento da Criméia já declarou nesta terça-feira a sua independência da Ucrânia, o que se constitui um passo legal importante para a inclusão do território no Estado russo. Na mesma votação os parlamentares decidiram adotar o rublo como a moeda local. Na declaração divulgada após a decisão os parlamentares afirmam que não violaram nenhuma norma internacional, ao contrário do que dizem os americanos. Ao mesmo tempo, o presidente russo Vladmir Putin conquista a aprovação de 69% da população com a sua atitude diante da questão da Ucrânia. Resta saber agora o que fará o presidente Barack Obama caso a anexação da Criméia se concretize, uma preocupação para o resto do mundo diante da perspectiva de aquecimento da guerra fria.

Covardão

Algum covardão, que por isso mesmo se esconde no anonimato, postou um comentário no blog "O Mocorongo", sobre as eleições na CASF, usando o meu nome. O comentário, sob o título de "Pior a emenda" e postado no dia 10 último, também foi mandado para este blog e eu o publiquei por dois motivos: primeiro porque em parte concordo com o que lá está escrito e, segundo, para caracterizar o artifício do covardão anônimo, porque o que eu quero dizer digo no meu próprio blog, que tem a minha assinatura e a minha foto.

segunda-feira, 10 de março de 2014

Sorriso incômodo

A julgar pela coluna de estréia do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso no portal UOL, na qual classifica de “chocante” e “esdrúxula” a alegria da presidenta Dilma Roussef e do ex-presidente Lula registrada na foto do encontro que tiveram semana passada no Palácio da Alvorada, parece que não é apenas o deputado Carlos Sampaio, do PSDB, que gasta o seu tempo com bobagens por falta do que fazer. O parlamentar, como se recorda, representou ao Tribunal Superior Eleitoral contra o encontro – já negado pelo ministro Admar Gonzaga – sugerindo inclusive uma multa de R$ 100 mil a Dilma por ter reunido a sua equipe da campanha eleitoral no Alvorada, posição essa encampada pelo seu partido e, sabe-se agora, também pelo ex-presidente FHC. E, de acordo com a sua coluna no UOL, o que mais incomodou o ex-presidente tucano foi o sorriso da Presidenta e do ex-presidente Lula. Sobre isso, a senadora Gleisi Hoffman disse, em resposta a FHC: “Não me passaria pela cabeça que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso pudesse iniciar um artigo de opinião censurando o sorriso de alguém. Ao indagar com tanto mau humor a razão da alegria estampada na foto da presidenta Dilma com o ex-presidente Lula no Palácio da Alvorada, o ex-presidente surpreende pelo azedume e pela amargura”. FHC, em sua coluna, aproveitou para falar também na “crise energética” e na “inflação”, no que foi igualmente rebatido pela ex-ministra da Casa Civil, que disse:”Ele fala de crise do setor elétrico como se o apagão de 2001/2002 não estivesse na memória do país. A crítica à suposta imprevidência só pode ser a si mesmo e a seu governo. Sobre a inflação, diz que é "bem mais" que 6% ao ano, sem citar, contudo, qualquer fonte que possa sustentar seu índice impreciso e irreal.Esquece-se de que deixou ao país uma inflação de 12,7% em 2002”. Mais adiante a senadora do PT paranaense lembrou:”Fernando Henrique agora critica o clientelismo e a inépcia assegurada por 30 partidos no Congresso. Nem parece que passou oito anos no comando do Executivo, sem dizer "a" ou "b" sobre reforma política. E que governou com um sistema de base parlamentar tão ampla que alterou a Constituição Federal para garantir sua reeleição”. Gleisi Hoffman, ao concluir a resposta a FHC, foi enfática:”Gosto da ideia de buscarmos unir a todos os brasileiros em torno das questões fundamentais para a nossa nação. Não concordo que os temas essenciais sejam a troca da guarda nem a revolta contra o sorriso, mas sem dúvida é preciso aprofundar o debate sobre a economia, a política e as questões sociais. Isso é o fundamental para a construção do futuro. E o futuro pode ser edificado sim com alegria e sorrisos”. A bela senadora, ao que parece, agora que está fora da Casa Civil não pretende mais deixar sem resposta nenhum ataque a Dilma. Os tucanos que se cuidem...

domingo, 9 de março de 2014

Precaução

Alguém deve ter soprado no ouvido do ministro Joaquim Barbosa sobre o inevitável bombardeio de que será alvo se sair candidato à Presidência da República. “Não serei candidato a presidente”, ele disse em entrevista à revista “Época” deste final de semana, acrescentando: “É lançar-se e expor-se a um apedrejamento”. Ele sabe o que fez e, portanto, está consciente sobre o que o espera caso troque a toga por um mandato eletivo. Na entrevista, porém, o presidente do STF deixa em aberto a possibilidade de concorrer a outro cargo, talvez ao Senado pelo Rio de Janeiro, conforme as especulações. Ainda assim ele disfarça, dizendo que não se vê ingressando no mundo da política que, na sua opinião, “é um jogo muito sujo”. Vamos esperar até o principio de abril, quando expira o prazo para a sua desincompatibilização do Supremo, para saber efetivamente que rumo ele pretende tomar.

Chapa genérica

Circulam rumores em Belém de que Madson Paz, candidato da AEBA à presidência da CASF, já teria escolhido os nomes dos diretores que integrariam a sua chapa: Adolfo Albuquerque e Célia Shibata. Se tais rumores se confirmarem haverá uma grande decepção entre os associados – especialmente entre os aposentados e pensionistas – com o presidente da AEBA, Silvio Kanner. Isto porque Silvio decidiu apoiar Madson, rompendo um acordo anterior com a AABA, e deu a ele o direito de escolher uma chapa “técnica” para concorrer às próximas eleições. Com esses nomes, porém – Madson, Adolfo e Célia – a chapa “técnica” na verdade será uma chapa “genérica” do Prado, pois os três fizeram parte da sua administração e, portanto, são co-responsáveis em todos os seus atos à frente da instituição. Como Silvio explicará a sua nova posição, depois de ter combatido a gestão de Prado?? Vale lembrar, só para refrescar a memória de alguns, que Madson se dizia “rebelde”, embora endossando todos os atos de Prado, e Adolfo que, por sua falta de habilidade à frente da cobrança, era visto como “carrasco” dos aposentados e pensionistas. Os 2.800 aposentados certamente não vão olhar com bons olhos essa “chapa genérica”.

sábado, 8 de março de 2014

O que mudou

Na ótica da revista “Veja” o ministro Joaquim Barbosa é “o menino pobre que mudou o Brasil”. A reportagem de Capa, com a foto dele ainda criança, serviu para transformar Barbosa em pop star e colocá-lo diante dos holofotes do mundo inteiro. E com a cobertura sistemática dos demais veículos da chamada Grande Imprensa, o atual presidente do Supremo Tribunal Federal passou a ser cotado, inclusive, para concorrer à sucessão da presidenta Dilma Roussef. E ele se empolgou com o estrelato, sobretudo com a lembrança do seu nome para ocupar o Palácio do Planalto, abrindo largos sorrisos com o assédio do povo. Paralelamente, porém, sofreu uma metamorfose que o tornou um ditador no Supremo, atropelando a tudo e a todos, inclusive as próprias leis, e com isso incompatibilizou-se com a maioria dos seus colegas e com a classe dos magistrados e advogados. A julgar por suas atitudes, ele provavelmente acha que detém os poderes totais, dos quais abusa sem ser incomodado por ninguém. E abalou o Judiciário. Constatou-se que ele efetivamente mudou, não exatamente o Brasil da “Veja”, mas o conceito de Justiça, desacreditando a mais alta Corte de Justiça do país e constrangendo os seus membros. Mudou para pior, porque a confiança na Justiça ficou abalada. Até antes da “era Barbosa”, ninguém ousava a mais leve crítica a um ministro do Supremo Tribunal Federal, que era respeitado em todos os níveis da sociedade brasileira. Hoje as críticas explodem em toda parte e o ministro Joaquim Barbosa tem sido o mais censurado em toda a história do STF. E se deixar a Corte para concorrer a qualquer cargo político precisará de um coro bem grosso para suportar as estocadas, porque é a toga que ainda lhe oferece algum anteparo.

Serra se complica

A situação do ex-governador José Serra está se complicando com a confirmação do seu envolvimento no esquema de cartel e propina no metrô de São Paulo, segundo investigações em curso na Procuradoria Geral do Estado. Reportagem deste final de semana da revista “IstoÉ” informa que Nelson Branco Marchetti, ex-dirigente da Siemens, revelou em depoimento que foi “pressionado pelo próprio governador José Serra para desistir de medidas judiciais para anular a vitória da espanhola CAF, em um certame para o fornecimento de 320 vagões”. Segundo Marchetti, se a Siemens insistisse nas ações judiciais Serra anularia a licitação. De acordo com a reportagem assinada pelo jornalista Pedro Marcondes de Moura, o Procurador Geral de São Paulo, Álvaro Augusto Fonseca, realiza as investigações em dois caminhos: “O primeiro refere-se à pressão exercida por Serra para que a empresa espanhola CAF vencesse uma licitação de fornecimento de trens para a CPTM durante sua gestão como governador (2007 e 2010). O outro apura a omissão do tucano diante das fraudes cometidas pelo cartel, já que ele, também na condição de governador, recebeu uma série de alertas do Tribunal de Contas, Ministério Público e até do Banco Mundial”. Em ano eleitoral, a divulgação das investigações deve causar graves danos ao projeto político do PSDB.

Eleição na CASF

Falando em eleições na CASF a "temporada de caça" já começou. AEBA e AABA concordaram em realizar uma prévia entre seus associados para escolha de potenciais candidatos com respaldo das bases. Pelos aposentados os candidatos mais votados foram Francisco Sidou e Walter Sirotheau, ambos lembrados pelos aposentados e pensionistas pelos serviços prestados e lutas empreendidas em favor da categoria e contra a implantação arbitrária patrocinada pelo Basa dos Planos Salgados da CAPAF, suprimindo direitos e castrando sonhos dos velhinhos, das viúvas e dos órfãos. Pois bem: o presidente da AEBA, sr. Sílvio Kanner, resolveu que na chapa apoiada pela sua entidade deveria prevalecer o critério do "preparo técnico". Logo, os dois pré-candidatos indicados pela AABA não preencheriam esse pré-requisito. Ressalte-se que o apoio seria conjunto, da AEBA e da AABA, como forma mais viável de ser derrotada a "chapa oficial", apoiada pela direção do Basa, que deve ser composta pela atual diretoria da CASF e, provavelmente, também apoiada pelo Sindicato dos Bancários do Pará. Estratégia arriscada, que poderá provocar abstenção muito grande entre os 2.800 aposentados votantes, de vez que o voto não é obrigatório nas eleições da CASF . Por outro lado, já vimos esse filme: todos os candidatos indicados pelo Banco para a gestão da CAPAF (diretoria e maioria dos Conselhos) foram "ungidos" por supostamente possuir "perfil técnico". Na diretoria da Coramazon também. O resultado todos já conhecemos. Entendemos que a CASF precisa de mudança em seu modelo de gestão e não apenas de pessoas. Mais do que técnicos , o que a CASF precisa é, sobretudo, de dirigentes confiáveis, que coloquem como prioridade a recuperação financeira da entidade, mesmo que tenham que cortar na própria carne,ou seja, principalmente, os honorários de sua diretoria, em pelo menos 40%, além de algumas consultorias perfeitamente dispensáveis. Vamos aguardar que surjam candidatos efetivamente comprometidos com a mudança e não apenas de olho nos atraentes honorários pagos pela CASF para seus dirigentes. "Perfil técnico" e bom todos se acham possuidores , mesmo aqueles que ainda convivem com o mata-borrão em plena era da informatização administrativa e das novas mídias digitais.

sexta-feira, 7 de março de 2014

Ridiculo

O deputado Carlos Sampaio, do PSDB, informou nesta sexta-feira que o seu partido vai representar ao Tribunal Superior Eleitoral questionando a legalidade da reunião que a presidenta Dilma Roussef manteve na noite de quarta-feira última, no Palácio da Alvorada, com o ex-presidente Lula e integrantes da sua equipe de campanha eleitoral. Na opinião dele a reunião foi irregular, por ser realizada na residência oficial da Presidenta da República e em horário de expediente. "Foi constrangedor – ele disse. - A presidente, ao retornar a Brasília, em pleno horário de expediente, abriu as portas do Palácio da Alvorada para uma reunião eleitoral. O TSE precisa se manifestar sobre isso. Se entender que pode, abre um precedente para todos os prefeitos, governadores. É um precedente perigoso e, a depender do posicionamento do TSE, ninguém mais vai poder questionar", acrescentou. Alguém precisa dizer ao deputado Sampaio que não é assim que se faz política e muito menos oposição. Afinal, onde ele queria que a presidenta se reunisse? Na praça?? E desde quando a noite é horário de expediente?? Esse parlamentar é o mesmo que questionou a mensagem de Natal da presidenta aos servidores públicos, a cor vermelha da roupa dela e a escala técnica em Lisboa em sua viagem de volta ao Brasil, após a reunião de Davos. Só existem duas explicações para tão absurdas atitudes: ou ele não tem o que fazer, frustrando a expectativa dos seus eleitores, ou não sabe qual o papel de um deputado federal. Se não mudar de comportamento não vai demorar muito recorrerá à Justiça para saber se não é ilegal a presidenta ir ao banheiro durante o expediente. E nunca será levado a sério...

Interpelação

Até que enfim apareceu alguém com coragem para fazer o que muito gente fala mas ninguém faz: interpelar judicialmente o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, por suas declarações segundo as quais as “vaquinhas” realizadas, pelas redes sociais, para o pagamento das multas impostas a José Genoino, José Dirceu e Delubio Doares, condenados no julgamento do chamado mensalão, seriam “lavagem de dinheiro” e “dinheiro de corrupção”. Foi uma mineira, Conceição Aparecida Pereira Rezende, uma das milhares de doadoras, que, indignada com as declarações do ministro, ingressou no Supremo com uma interpelação para que ele explique, judicialmente, as acusações. A notícia foi dada pelo jornal digital “Brasil 247”, segundo o qual ela declarou: “Ele (Gilmar) precisa explicar isso. Ele não pode sair acusando as pessoas. Foram quase 50 mil pessoas e eu fiquei indignada com a forma como ele nos tratou”. Conceição, que é servidora pública e afirma ter doado R$ 200 para cada um dos condenados, continuou: "Primeiro condenou todo mundo do PT sem provas, nunca mostrou uma prova de nada, não só ele, mas o Joaquim Barbosa também. As provas que tinham a favor [dos réus] eles esconderam, agora chama a gente – eu me senti uma das chamadas – de corrupto e tudo o mais, tem que explicar de onde ele tirou isso. Ele ocupa um cargo muito importante, tem que ter consequências". Vale lembrar que o presidente do PT, Rui Falcão, já havia entrado com uma interpelação idêntica no Supremo, mas o documento foi arquivado pelo ministro Luiz Fux, sob a alegação de que se houve ofensa não foi contra o partido, mas contra os doadores. E agora? Qual será a justificativa do ministro Fux para arquivar a interpelação??

Medo?

O senador Roberto Requião, do PMDB paranaense, cobrou da Mesa do Senado uma explicação para a procrastinação no exame de dois requerimentos de sua autoria, apresentados em novembro do ano passado, através dos quais pede informações sobre as dívidas das Organizações Globo e sobre empréstimos concedidos pelo BNDES a empresas ligadas ao grupo. Segundo ele, ficou decidido em fevereiro que os requerimentos seria submetidos à votação do plenário, mas uma semana depois mudaram os rumos, enviando-os à apreciação da Comissão de Constituição e Justiça. Ele esbravejou: “A leitura que qualquer jejuno faz do fato é que a Mesa se acovardou. A Mesa se acovardou e se curvou diante da Rede Globo. Mudou a decisão para procrastinar. Terá sido uma generosidade voluntária? Ou terá a Globo pedido e ordenado?” Depois de dizer que enviou idênticos pedidos ao governo, obtendo respostas estapafúrdias, e de insistir para que os requerimentos fossem submetidos ao plenário, o senador indagou em seu discurso: “Veremos se há ainda senadores da República no Brasil ou se o Senado está, como a Mesa, genuflexo diante da influência de uma rede monopolizada de comunicação”.

Conversa

Os presidentes Barack Obama, dos Estados Unidos, e Vladimir Putin, da Rússia, conversaram durante cerca de uma hora nesta sexta-feira, pelo telefone, sobre a questão da Ucrânia. A Casa Branca informou, através de nota, que o presidente Obama disse a Putin que “as ações da Rússia eram uma violação à soberania e integridade territorial da Ucrânia”. Também através de nota o Kremlin informou que o presidente Putin disse a Obama que “as relações dos dois países não deveriam ser prejudicadas pelos problemas na Ucrânia”. Ainda segundo a nota, o presidente russo destacou a importância das relações entre os dois países para garantir a estabilidade e segurança no mundo. “Essas relações não devem ser prejudicadas por desacordos sobre problemas internacionais, mesmo que extremamente importantes”, acrescentou. Como se recorda o presidente dos Estados Unidos, com o apoio da União Européia, ameaçou a Rússia com sanções econômicas, caso insistisse numa ação militar contra a Ucrânia. Tomara que o bom senso tenha presidido a conversa dos dois presidentes, afastando a ameaça de guerra.

terça-feira, 4 de março de 2014

Perigos

O desespero dos que pretendem tomar o poder no país, diante das perspectivas de derrota reveladas pelas pesquisas que indicam a reeleição da presidenta Dilma Roussef no primeiro turno, está conduzindo os que fazem oposição ao governo, especialmente os veículos da chamada Grande Imprensa, por um caminho extremamente perigoso. Convencidos da impossibilidade de derrotar a candidata petista pelos canais naturais proporcionados pela democracia – o voto – os oposicionistas apelam para fórmulas terroristas que ninguém pode prever onde pode desaguar. Enquanto a apresentadora do jornal do SBT, Rachel Sheherazade, convoca uma “marcha com a família” nos moldes daquela que há 50 anos culminou com o golpe militar; e extremistas e desordeiros convocam pelas redes sociais manifestações contra a Copa, inclusive com atentados aos atletas; a “Folha de São Paulo”, um dos principais jornais do Brasil e um dos mais importantes porta-vozes do grupo político e econômico que quer derrubar a presidenta Dilma, aposta no clima de instabilidade como meio de atingir seus objetivos. No seu “Blog da Cidadania”, o jornalista Eduardo Guimarães diz que “é nesse contexto que, no segundo dia útil desta semana, o jornal Folha de São Paulo publica editorial em que lamenta a perenidade da aprovação e das altas intenções de voto de que desfruta a presidente Dilma Rousseff, mas lembra que há uma luz no fim do túnel para os que disputarão com ela a Presidência da República”. Diz o editorial: “Incapazes de entusiasmar o país com um projeto de mudança, os adversários de Dilma terão de confiar nos embates de campanha e na propaganda eleitoral para conquistar terreno. Sua maior esperança, porém, reside no clima de instabilidade política que se vê em todo o país –algo que nenhum candidato controla, mas que afeta sobretudo aqueles que estão no poder”. Guimarães lembra que “essa coalização bizarra, que reúne mídia, extremistas de esquerda e de direita, não se dá conta de que se desmoralizou com a violência nos protestos. Recente pesquisa Datafolha mostra que esse movimento é cada vez mais repudiado. Mas, claro, não se sabe que nível de “instabilidade política” essa coalização entre os extremos do espectro político pode pretender”. Tais fatos, como é fácil constatar, evidenciam o desespero dos que pretendem tomar o poder a qualquer preço, mesmo que para isso promovam a desmoralização do Brasil no exterior com manifestações que sugiram, ao resto do mundo, um clima de insegurança e despreparo para a realização de grandes eventos. São esses maus brasileiros que querem ocupar o Palácio do Planalto.

Tensão afrouxada

Apesar da tensão, diante da possibilidade de uma guerra, o presidente Vladimir Putin disse nesta terça-feira que a Rússia só usará a força militar na Ucrânia como último recurso. Acrescentou que a “Rússia se reserva o direito de usar todas as opções na Ucrânia para proteger seus compatriotas que estão vivendo lá um clima de terror”. As declarações do presidente russo foram dadas durante uma entrevista coletiva em sua residência, nos arredores de Moscou. Putin garante que houve um golpe inconstitucional na Ucrânia e que o presidente deposto, Viktor Yanukovich, ainda é o líder legítimo do país, mesmo tendo sido obrigado a entregar o poder. Segundo ele, ainda não há necessidade de usar a força militar, mas afirmou que essa possibilidade existe. Para reduzir as tensões, porém, ele ordenou nesta terça-feira que as forças militares em exercício próximo da Ucrânia retornassem às suas bases. Enquanto isso os Estados Unidos, como resposta à posição russa, ameaçam, de comum acordo com a União Européia, sanções econômicas contra a Rússia. De qualquer modo, pelo menos por enquanto, as tensões entre Ocidente e Oriente se afrouxaram depois que as forças militares russas retornaram às suas bases. Tomara que os lideres das grandes potências envolvidas se conscientizem de que o mundo não é só deles...

Hora de colher

Há um antigo dito popular que reza: “Se queres conhecer o vilão, dá a ele o bastão”. Quando indicou Joaquim Barbosa para integrar os quadros do Supremo Tribunal Federal obviamente o então presidente Lula não pretendeu conhecer o vilão, mas homenagear os negros com a nomeação de um representante da raça para a mais alta corte de Justiça do país. Infelizmente, porém, não apenas Lula, mas todo o país está estarrecido diante das atitudes de um homem que, cobrindo-se com a toga de magistrado, age como déspota, tirano, todo poderoso, atropelando tudo e todos e até a própria Lei que tem o dever de cumprir. Deslumbrado com a luz dos holofotes, que o colocou até na corrida sucessória para a Presidência da República, ele não respeita ninguém, nem os outros poderes nem seus próprios colegas. A respeito dele, o jornalista Hélio Chaves escreveu, no blog “Rádio do Moreno”: "Tenho medo de homens forjados por holofotes, que surgem do nada, saem de cartolas mágicas num piscar de olhos e que, da noite para o dia são vertidos como salvadores da pátria, do mundo ou um pseudo caçador de marajás. Figuras que se transformam em seres soberbos, prepotentes, de egos inflados...” Arrogante e prepotente, ele ainda não se deu conta de que tudo é passageiro, inclusive a sua presença na presidência do STF. E depois que deixar o cargo, especialmente se efetivamente antecipar a sua aposentadoria, os holofotes se apagarão e ele voltará à escuridão de onde saiu, esquecido inclusive por aqueles que o incensaram. E, então, passará a colher o que semeou em sua breve passagem pela mais alta Corte do país.

domingo, 2 de março de 2014

Dilema

O presidente da Assembléia Legislativa do Maranhão, deputado Arnaldo Melo, poderá frustrar o plano da Governadora Roseana Sarney de eleger indiretamente o atual secretário de Infra-estrutura, Luis Fernando Silva, para sucedê-la no Palácio dos Leões. Roseana pretende concorrer ao Senado nas próximas eleições de outubro, mas como o Estado está sem vice-governador, nomeado para o Tribunal de Contas, ela teme renunciar, pois Arnaldo assumiria interinamente o governo e seria ele próprio candidato ao cargo, contando para isso com o apoio da oposição. Segundo o secretário das Cidades, Hildo Rocha, Roseana só se desincompatibilizará para disputar o Senado se houver consenso da base governista em rorno do nome de Luis Fernando. “Não havendo consenso, Roseana Sarney se manterá no comando do estado até o dia 31 de dezembro deste ano, data em que se encerra o seu mandato”, acrescentou Hildo Rocha.

Sistema em ruinas

Em sua coluna na “Folha de São Paulo”, neste domingo, o renomado jornalista Jânio de Freitas classificou como gritante insensatez o fato do ministro Joaquim Barbosa ter admitido, em alto e bom som, que elevou as penas dos réus do chamado mensalão para evitar a prescrição. “Imaginar a mais alta corte do país a fraudar os princípios básicos de aplicação de justiça, com a concordância da maioria de seus integrantes, é admitir a ruína do sistema de Justiça do país”, disse o jornalista, acentuando que a tolerância com a truculência tem sido a regra geral, inclusive na maioria do próprio Supremo. E acrescentou: “A sem-cerimônia com que o presidente excede os seus poderes e interfere, com brutalidade, nas falas de ministros, só se compara à facilidade com que lhes distribui insultos”. Por sua vez, o senador Roberto Requião, do PMDB paranaense, também criticou o presidente do STF em seu twitter, neste domingo, dizendo que “independente da lei, Joaquim Barbosa resolveu aplicar a sua vontade e não o código penal”. Mais adiante, disse o senador: “Pode ser a favor ou contra a condenação de petistas no STF, só não pode apoiar o atropelamento da lei pelos ministros e o presidente”. Requião ironizou ainda a regalia do tesoureiro do PT, Delubio Soares, preso no presídio da Papuda:"Pensei que hoje ia comer uma costela com o [senador Paulo] Paim, mas ele viajou. Me resta ir a um mercado comprar uma lata de feijoada 'regalia' do Delúbio. A lata de 430 gr de regalia do Delubio (feijoada Bordon) custa R$ 4,00. Mais ou menos o preço da comida de um preso. Feita em casa é barata", finalizou.

Politico

Em entrevista à rádio CBN, o cientista político Cláudio Couto, da Escola de Administração Pública da Fundação Getulio Vargas de São Paulo, disse que o ministro Joaquim Barbosa fez “acusações gravíssimas” aos seus colegas Luis Roberto Barroso e Teori Zavascki e, também, à presidenta Dilma Roussef e ao Senado, que os indicou e aprovou, ao afirmar que a absolvição dos réus do chamado mensalão foi “feita sob medida”. E acrescentou: "O que Barbosa fez foi acusar os dois colegas de tribunal de irem para lá com uma missão, a de desfazer o resultado desse julgamento. Seria como dizer que eles são juízes de encomenda". O cientista político disse ainda que a declaração do presidente do STF "coloca em xeque não só os dois colegas, mas acaba colocando também numa situação muito complicada a presidente da República, e, com isso, o Senado que os aprovou". Na sua opinião, "muito mais do que um posicionamento judicial, Barbosa fez um discurso político – como ele verbalizou, que era necessário 'alertar a nação' – voltado para a sociedade. Pode se dizer que, de alguma forma, o ministro jogou para a torcida". Segundo Couto, "expor à execração pública seus colegas de corte e desqualificar a natureza dessa decisão enfraquece a natureza das instituições".